Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos conv...
Carlos Fiolhais (I):". Poesia e ciência são ambas dimensões humanas, são as duas actividades humanas."
Físico, professor, antigo director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, criador do Centro de Ciência Viva Rómulo e do Centro de Física Computacional da
Universidade de Coimbra, onde instalou o maior computador português para cálculo científico (Centopeia).
Carlos Fiolhais, 68 anos, nasceu em Lisboa, foi
baptizado no Mosteiro dos Jerónimos e em criança, porque cresceu no bairro da Ajuda, brincava no jardim da Praça do Império e na Rosa dos Ventos, já andava
ali a pisar o mundo todo.
Acredita que descobrir é das coisas mais humanas que
há, e foi talvez por isso que estudou física – queria percorrer o caminho da aventura da ciência.
Coimbra primeiro, depois doutoramento na Alemanha, e desde então a tal aventura de conhecer, partilhar conhecimento, com os alunos da faculdade mas também com o público. Podemos dizer que é um divulgador de
ciência, mas também um entusiasta dessa divulgação.
Poemas primeira parte:
Adília Lopes – Memórias das Infâncias
Jorge Sousa Braga – Poema de Amor
Eugénio Lisboa – Kepler
Alexandre O’ Neill – Aos vindouros se os houver
António Gedeão – Poema Para Galileu
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1:05:19
Luísa Freire: "Escrever poesia é um recolhimento para fora."
Luísa Freire nasceu em Castelo Branco, em 1933. É licenciada em Filologia Germânica e mestre em Literaturas Comparadas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, a mesma onde integrou o Instituto de Estudos sobre o Modernismo, e onde investigou a obra pessoana,
sobretudo a poesia inglesa de Fernando Pessoa, que publicou e traduziu.
Publicou este ano Atravessar o Frio, o primeiro de 2 volumes de poesia inédita, pela Assírio & Alvim.
Considera que escrever poesia é uma forma de se conhecer melhor, de pensar as coisas, e sente-se "absolutamente filha de Álvaro de Campos", heterónimo de Fernando Pessoa.
Além de continuar a escrever poesia, continua a pintar. Para Luísa Freira "a poesia é uma forma de poema" e quando pinta sente que está a escrever.
Poemas:
Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa: Não estou pensando em nada
Bashô: Nada a sugerir
Buson: De pé, em silêncio –
Issa Kobayashi: Floresce a ameixeira:
Shiki: Aqui e ali
Sophia de Mello Breyner Andresen: Movimento
António Ramos Rosa: As palavras dizem os arcos do mar
Eugénio de Andrade: No teu ombro respiro
Albano Martins: Crepúsculo de Agosto
Carlos de Oliveira: Espaço/ para caírem/ gotas de água
Fernando Guimarães: Vens de longe. Mais perto de ti encontras
Pedro Tamen: Suspendo a mão entre o A e o B,
Gastão Cruz: Variação
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1:27:42
Carlos Vaz Marques (II):"O Cesariny é uma figura que teve importância na minha imaginação, na relação com a poesia, ao ponto de eu ter tido um cão chamado Cesariny."
Segunda parte da conversa com Carlos Vaz Marques, jornalista, editor e tradutor.
Conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e reflectimos sobre os que os poemas sugerem. Por exemplo, a ideia de cair ou não "verticalmente no vício" de que fala Mário Cesariny, ou a ideia de entrar ou não resignado "nessa noite tranquila", de que nos fala Dylan Thomas.
Para livro de não poesia, o nosso convidado escolheu o Livro do Desassossego, e até sugeriu uma espécie de jogo que cada um de nós pode fazer on-line, para criar a sua própria edição deste livro de Fernando Pessoa.
Poemas segunda parte:
Camilo Pessanha - Singra o navio
Álvaro de Campos - Olha, Daisy, quando eu morrer
Cesário Verde – De Tarde
Mário Cesariny – Pastelaria
Não Entres Resignado Nessa Noite Tranquila, de Dylan Thomas (tradução de Carlos Vaz Marques)
Livro:
Livro do Desassossego
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1:14:30
Carlos Vaz Marques (I): "A poesia está no início. Eu acho que a seguir aos livros de aventuras da infância, aquilo que me motivou durante mais tempo na adolescência foi descobrir poetas e poesia."
Carlos Vaz Marques, 60 anos, vem dizendo que ganha a vida a fazer perguntas, mas hoje em dia, além
de jornalista, é também editor e tradutor.
Estudou Línguas e Literaturas Modernas, foi professor durante 2 anos, trabalhou na Rádio universidade Tejo, no JL, no semanário O Jornal, e na TSF durante muitos
anos, rádio onde criou esse espaço de entrevistas chamado Pessoal e Transmissível, o programa de comentário cujo nome está impedido de dizer e que permanece até hoje, e um programa diário de sugestões de leitura chamado Livro do Dia.
Na primeira parte desta conversa, dá-nos conta de alguns dos poemas de que mais gosta, do primeiro encontro com a poesia através das palavras do avô materno que sabia o Canto IX dos Lusíadas de cor, das primeiras leituras de ficção com os livros de Enid Blyton, da forma curiosa que escolheu para se relacionar com o mundo: "Há duas formas de nos relacionarmos com o mundo. Uma é esperar que o mundo venha ter connosco, outra é irmos ao encontro do mundo. E no meu caso, até pelo treino de jornalista, sempre fujo muito de me centrar
muito em mim próprio."
Poemas primeira parte:
1: Luís de Camões – Sete anos de pastor Jacob servia Labão
2: Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros que o poeta
remata com uma referência ao coração
3: Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos
de Goya
4: Alberto Caeiro, Poema VIII, O Guardador de Rebanhos
5: Herberto Helder – Li algures que os gregos, A faca Não
Corta o Fogo
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1:23:47
Mia Couto: "Eu não vejo a poesia como um género literário, acho que a poesia é uma forma de olhar o mundo, é uma sensibilidade, é uma forma de perder fronteira"
Escritor, poeta, filho de poeta, biólogo, um dos nomes
maiores da literatura escrita em português, Mia Couto acaba de lançar o livro A Cegueira do Rio, edição Caminho. Sobre o livro, deixou aos futuros leitores
esta mensagem escrita à mão numa livraria de Lisboa: “uma visita ao fim da escrita, esse lugar onde os rios já são fronteira e nos ensinam a sermos pontes
para chegar aos outros”, fim de citação.
Neste podcast conversamos sobre o novo romance, mas também sobre poesia , essa forma de perder fronteira que Mia Couto considera ser necessário recuperar.
É escritor de romances mas também poeta e é assim que se assume antes de qualquer coisa, "isso não sai de mim de maneira nenhuma".
Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados.
Um projecto da autoria de Raquel Marinho.
"Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.