N'Os Lusíadas há moças desnudas numa ilha, n'Os Maias beijos na boca proibidos e, spoiler alert, o Baltasar acaba num churrasco da Inquisição naquele livro do S...
Ep.10.8 | 12ºano - Sobre um Poema de Herberto Helder
O último episódio da saga sobre a poesia contemporânea traz o maior poeta da segunda metade do século XX. Quem o diz é António Ramos Rosa e não há como discordar. Herberto Helder, o poeta obscuro, foi beber do surrealismo português e da poesia experimental mas depressa desenvolveu uma poética muito própria. Recusava entrevistas, retratos, aparições, prémios. Em 2004 editou Ou o Poema Contínuo, de onde se retira o poema de hoje, lido pelo locutor Diogo Barbosa.
Obscura ou límpida, mainstream ou underground, lede poesia.
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11:07
Ep.10.7 | 12ºano - Perfilados de Medo de Alexandre O'Neill
O slogan Vá de Metro, Satanás seria hoje provavelmente aceite, nem que fosse em nome da inclusão do demo. Mas em 1959, quando se inaugurava o CentíMetro, vulgo Metro lisboeta, não era bem assim. O irreverente poeta e publicitário Alexandre O'Neill descendia de uma família de aristocratas fugidos da Irlanda no século XVIII que se espraiaram pelo globo após a perseguição aos católicos. Amante de boa conversa, comida e de camas variadas, o autor de O Adeus Português escrevia para fugir dessa invenção atroz a que chamava dia-a-dia.
Perfilados de Medo, escrito em pleno Estado Novo, é hoje lido pela radialista Tânia Rocha.
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13:56
Ep.10.6 | 12ºano - O funcionário cansado de António Ramos Rosa
António Ramos Rosa, professor, escritor, tradutor e crítico literário, defendia a sua real profissão como sendo a de poeta. Empregado numa firma comercial, este funcionário cansado estreia-se nas letras em 1958 quando edita O Grito Claro, livro do qual foi retirado o poema em análise neste episódio. O nome do poeta surge ligado a publicações literárias dos anos 50, como A Árvore, Cassiopeia ou Cadernos do Meio-Dia, importantes revistas nos domínios da teorização e da criação poética da altura.
Recusai-vos também a ser mais uma peça da engrenagem estatal; embriagai-vos em horário comercial com o melhor da poesia nacional.
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11:21
Ep.10.5 | 12ºano - Visitações, ou o poema que se diz manso de Ana Luísa Amaral
Visitação é, nos textos bíblicos, a visita de Maria a Santa Isabel, grávida de João Baptista. No poema de Ana Luísa Amaral é a filha, personificação da inspiração, quem interrompe a mãe de mansinho para ir adormecer no seu colo.
Ana Luísa Amaral foi professora, tradutora e autora de ficção, ensaios e literatura infantil. Em Visitações, ou o poema que se diz manso, editado no livro Às vezes o Paraíso, de 1998, encontramos as características marcantes na poesia contemporânea: o retrato do quotidiano e a figuração do poeta.
Um poema para ouvir e conhecer na voz da locutora Isabel Simões.
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7:00
Ep.10.4 | 12ºano - As Palavras Interditas de Eugénio de Andrade
Eugénio de Andrade, o pseudónimo de José Fontinhas, o poeta que privou com António Botto e com Miguel Torga vê em 2023 ser celebrado o centenário do seu nascimento. O autor de As mãos e os frutos é um dos escritores portugueses mais lidos e traduzidos, mantendo ao longo de uma longa e fecunda carreira uma certa unidade de temas e de recursos formais. As Palavras Interditas (1951) é o poema do episódio desta semana lido na voz fresca de Alice Franklin.
N'Os Lusíadas há moças desnudas numa ilha, n'Os Maias beijos na boca proibidos e, spoiler alert, o Baltasar acaba num churrasco da Inquisição naquele livro do Saramago. O genérico é de uma beirã madura e bonita que faz biscoitos aos domingos, o conteúdo é da neta que até se safa na compreensão escrita. Que farei com este livro?, um programa para jovens e seniores que não passam d'O Ramalhete.
Cover art por @ajuliadacosta