Prelo apresenta os recursos e reflexões para que escritores possam construir uma disciplina autoral, escrever o seu livro e publicar da melhor maneira possível....
Amar o Processo: Como aprender a conviver com as coisas difíceis e crescer de verdade em qualquer coisa que você quiser
#108 – Um artigo recente da revista “The Atlantic” joga luz sobre um dado alarmante: alunos de universidades de ponta não conseguem mais terminar um livro. Cinco anos atrás, um professor podia indicar cinco obras ou mais a seus alunos em um semestre. Hoje, eles não conseguem terminar um.No Brasil não é diferente.As telas estão comendo o nosso cérebro. Faculdades básicas de compreensão, riqueza de vocabulário e interpretação de texto estão sendo minados. Ironia, empatia, ambiguidade, tudo está indo pelo ralo. Mas há algo mais grave que subjaz a essa tendência.As pessoas querem aprender sem passar pela leitura de um livro porque se difunde em toda parte uma cultura da conveniência total. A promessa dos ganhos fáceis. A expectativa de uma vida feita apenas de euforia e clímax. Um tempo que valoriza a relação passiva com as coisas, onde tudo deveria estar pronto e à nossa disposição. É onde se encontram as criptomoedas, os sites de apostas, o frenesi especulativo dos mercados e a recusa ao envelhecimento. E é por isso, também, que estamos deprimidos, distraídos e ansiosos. As pessoas não suportam mais o processo. Não deveria nos espantar. Em nenhum lugar você vai encontrar repertórios simbólicos do prazer profundo, calmo e dilatado do aprendizado. As pessoas se condicionaram às recompensas como motivação única do esforço. Desde criança, estudamos para passar na prova. Passamos na prova para entrar na universidade. Nos graduamos para comprar um carro, uma casa. Conquistamos o mundo para sermos amados e invejados.Mas como é dominar a fundo uma habilidade?Na escrita, como em qualquer outro caminho de maestria, a curva do aprendizado não é uma curva ascendente e uniforme. Depois de um processo de aprendizado profundo, é comum que enfrentemos um platô, um momento de prática prolongada sem recompensas aparentes. É aí que reside o segredo do crescimento verdadeiro. Precisamos aprender a superar os platôs. E para superá-los, precisamos saber permanecer neles. Se você quer dominar algum ofício, saber mais sobre no que consiste uma curva real de aprendizado, escute o novo episódio do Prelo para continuar aprendendo
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Promessas de Ano Velho: O que fazemos com os nossos desejos?
#107 – De novo nos encontramos a menos de um mês de mais um ano novo. Gosto dos meses de dezembro, daquela promessa de silêncio e maresia que prenuncia. Gosto de lembrar. De olhar para fotos, de acenar para aquela versão que entrava em 2024 quando o ano era novo. E janeiro chega para refazer o plano maior. É um teste olfativo, um check up literário. Uma nostalgia do futuro. Como estou escrevendo? O que pude fazer? Como as minhas leituras orientaram o meu caminho? Quais os contratempos, os sobressaltos? O que deu pra fazer? Em um post de janeiro no Instagram, publiquei como pretendia organizar a minha rotina. No novo episódio de Prelo, analiso aquela mensagem numa garrafa à luz do que de fato aconteceu. Acho isso muito importante. Não são só palavras. São os trilhos. O que me protege da deriva completa. Do capricho e da resistência. Referências: Lina Meruane, "Contra os Filhos". Ibsen, "Casa de Bonecas". Virginia Woolf, "Um teto todo seu". Charlotte Brönte, "Jane Eyre".
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31:28
Uma inteligência insuficiente
#106 – Me chamou a atenção, desde que estudei para escrever o meu livro mais recente, Baleias no Deserto: o corpo, o clima, a cura pela terra, a discrepância enorme entre a sofisticação do nosso conhecimento filosófico, científico e social sobre a era de extinção em massa em que vivemos e o modo como um grande público, o eleitor e o político tratam desse assunto.Isso diz respeito a tudo, e é um grande desafio no ensino e na literatura.Me parece que estamos falando de espaços afetivos e discursivos completamente diferentes e que se comunicam muito pouco.Se o mundo fosse uma escola, é como se estivessem tocando fogo nas carteiras enquanto estamos discutindo a ordem dos parágrafos de um panfleto sobre a cultura de paz.Não estamos à altura desse desafio. Não estamos à altura do nosso tempo.Não é à toa que estejamos pensando tanto a ideia de inteligência. Vieses cognitivos, inteligência das espécies e inteligência artificial.Você já reparou como estamos falando em inteligência na última década?Ao que parece, estamos buscando fora a inteligência que supostamente falta à nossa espécie.O que está acontecendo que, na era da comunicação, nunca estivemos tão embotados e tão divididos?
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A crônica: por uma literatura sem posteridade
#105 – Filha do deus Cronos, a crônica é a mais despojada das expressões literárias. É aquela que abriu mão da posteridade em nome da proximidade. Fiel ao tempo presente, a crônica pode ser considerada um tanto "zen-budista", mas de um budismo sem sabedoria, disposta a gastar saliva. Entre a ficção e a não-ficção, a prosa encontra na crônica um gênero privilegiado. Breve e ambulante, ela assume muitas formas, como a do ensaio ágil, o diálogo textual, a observação singular. Por vezes crítica, por outras, lírica; ora ideia, ora causo, este vislumbre de uma singularidade em movimento entranhado no tecido social será o objeto de reflexão e experimento dos nossos encontros.Clique aqui para participar do curso Introdução à Escrita Criativa – Contos & Crônicas
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23:45
Saber não-chegar: uma conversa entre Miró e João Cabral
#104 – O poeta e diplomata pernambucano João Cabral de Melo Neto não tinha trinta anos quando foi enviado para trabalhar no consulado brasileiro em Barcelona. Foram quatro anos férteis de sua carreira, não no sentido literário – afinal, Cabral sentia dificuldade de escrever poesia – mas em relação às amizades que cultivou, ao que aprendeu naquele tempo. Uma das amizades decisivas foi com o pintor catalão Joan Miró. Entre 1947 e 1950, os artistas se encontraram de modo regular. Franco havia vencido, e a pintura de Miró era mais conhecida fora da Espanha do que entre seus conterrâneos. Mas Cabral tinha contato direto com ela. Encontravam-se semanalmente durante longos períodos. E foi naquele momento, tendo acesso direto à sua produção, que o poeta resolveu escrever um ensaio sobre a pintura selvagem do amigo. O processo não foi nada fácil. Cabral sofreu naquele ensaio. Abandonou e retomou o projeto algumas vezes. Escreveria a Lêdo Ivo em 1948:"Ando nervoso, paulificado. Estou escrevendo um pequeno ensaio de 100 páginas sobre o pintor Miró e isso me tem trazido na ponta dos nervos. Como é pesado escrever!"O ensaio, enfim, terminou. E o que se veria ali era nada menos do que um programa poético, em defesa da liberdade da criação, e de uma "atitude de vigilância e lucidez no fazer", avesso ao "espontâneo e ao acadêmico". A lição de Miró – a lição de Cabral – é essencial, e é sobre ela que me debruço no novo episódio de Prelo.
Prelo apresenta os recursos e reflexões para que escritores possam construir uma disciplina autoral, escrever o seu livro e publicar da melhor maneira possível. Se você nutre o desejo de escrever uma obra de ficção ou não-ficção: um romance, um livro de contos, uma peça de jornalismo literário, um ensaio, uma saga distópica, a narrativa de uma viagem, uma obra infantojuvenil ou um projeto autoficcional – ou se já publicou uma obra e gostaria de sanar as lacunas de sua formação –, você está no lugar certo. Prelo é um podcast quinzenal com o escritor e professor de criação literária Tiago Novaes, autor de uma variedade de livros, finalista dos maiores prêmios literários e vencedor de uma série de bolsas de criação. Combinando entrevistas com grandes escritores, editores e críticos, reflexões pessoais, leituras e experiências concretas na literatura, Prelo oferece os caminhos para que você possa vencer as bolhas do mercado editorial, compreender os segredos da Escrita Criativa e construir o seu projeto ficcional – da ideia original à publicação, da inspiração ao cotidiano de um escritor em tempo integral. Clique agora no botão de inscrição e assuma o seu desejo de tornar-se uma escritora ou escritor.